
Europa abre 3 a 1 e sábado vale ponto dobrado
Nada de João Fonseca neste sábado em San Francisco. O segundo dia da Laver Cup 2025 começa com a Europa à frente por 3 a 1 e, como manda o formato, com partidas que passam a valer duas unidades por vitória. É a janela que costuma virar confronto — ou cristalizar a vantagem. Borg, no comando do Time Europa, tem a chance de abrir distância real. McEnroe, capitão do Time Mundo, precisa reagir já para chegar vivo ao domingo, quando os triunfos rendem três pontos.
O sábado é dividido em duas sessões. A diurna começa às 13h (horário local, 17h de Brasília): Alexander Zverev abre o dia contra Alex de Minaur, e, na sequência, Holger Rune enfrenta Francisco Cerúndolo. À noite, às 19h (23h de Brasília), vem o jogo mais esperado: Carlos Alcaraz contra Taylor Fritz. O palco é o piso rápido preto característico do evento, que costuma acelerar a bola e premiar quem ataca primeiro.
Na sexta, a Europa dominou. Casper Ruud e o tcheco Jakub Mensik garantiram pontos sólidos e deixaram a equipe confortável. O único respiro do Time Mundo veio do brasileiro João Fonseca, que virou tema do dia ao vencer Flavio Cobolli por 6/4 e 6/3, tornando-se o mais jovem a ganhar um jogo na Laver Cup. Neste sábado, ele fica fora da escalação — decisão que conversa com a rotação usual do torneio e com a gestão de elenco, especialmente em um fim de semana de intensidade alta.

Os duelos: como cada jogo pode mexer no placar
Zverev x de Minaur abre a rodada com um choque de estilos. O alemão se apoia no primeiro saque pesado e no backhand firme em paralelo; quando entra em modo agressivo, encurta pontos e tira o rival da zona de conforto. De Minaur, por sua vez, vive de pernas rápidas e consistência: alonga ralis, muda alturas e não dá ponto de graça. Se Zverev proteger o serviço e controlar os erros em trocas longas, o favoritismo pesa. Se a partida ficar física, o australiano cresce e empurra o placar para o lado do Time Mundo.
Holger Rune x Francisco Cerúndolo promete variação e pancada. Rune gosta do contra-ataque e é perigoso quando joga solto, misturando acelerações na paralela e curtinhas para bagunçar o adversário. Cerúndolo tem forehand pesado com muito spin, que abre quadra e rende quando encontra altura boa no quique. O detalhe aqui é a leitura de devolução: quem começar mandando nos segundos saques deve tomar a frente. Também vale observar a gestão emocional — Rune tem momentos de explosão que podem virar gasolina ou freio.
À noite, a energia muda. Alcaraz x Fritz coloca um craque criativo contra um sacador agressivo, em ambiente favorável ao americano. Fritz empurra com o primeiro serviço e a direita cruzada; se encaixar a sequência saque + primeira bola, tende a acelerar games de saque e forçar tiebreaks. Alcaraz, por sua vez, não depende de um único plano: varia alturas, inventa ângulos, sobe à rede, puxa drop shot e muda o ritmo em segundos. A chave para o espanhol é devolver profundo e travar o ponto na terceira ou quarta bola, para desmontar a rotina de Fritz. Se a devolução de Alcaraz entrar, o Time Europa se aproxima do placar ideal para fechar no domingo.
O contexto pesa. No sábado, cada vitória vale dois pontos. Se a Europa fizer 2 em 3 nos singles, abre vantagem grande e joga o domingo com margem. Se o Time Mundo arranca duas vitórias — especialmente à noite, com Fritz empurrado pela torcida local —, o confronto ganha ar de decisão total na terceira sessão do fim de semana.
E a ausência de João Fonseca? Depois de escrever história na sexta, o brasileiro de 18 anos virou assunto para além do placar. O que se viu foi uma combinação de coragem e execução simples: saque consistente, backhand limpo, pouca pressa para fechar pontos. Não entrar em quadra no sábado não é recuo; é gestão. Em evento curto, capitães ajustam minutos e preservam peças para o domingo, quando tudo vale mais. O impacto para o Brasil já está dado: visibilidade mundial e a sensação de que a próxima janela de elite sul-americana tem um nome novo.
O ambiente da Laver Cup ajuda a elevar tudo isso. A quadra preta, a entrada em equipe, a torcida dividida por cores — e os capitães-ícones, Björn Borg e John McEnroe, jogando xadrez com escalações ao longo do dia. A organização costuma fechar a programação com uma partida de duplas, definida após os singles, o que dá aos técnicos uma carta tática extra para proteger quem jogou mais ou surpreender com uma dupla improvável.
Para quem olha além dos palpites, a pergunta é simples: quem impõe o ritmo primeiro? Se Zverev controlar as devoluções de de Minaur, se Rune arrancar pontos curtos no segundo saque de Cerúndolo e se Alcaraz quebrar cedo o serviço de Fritz, a Europa mantém a mão pesada no marcador. Qualquer desvio — tiebreak perdido, game ruim de saque, sequência de devoluções rasas — vira oxigênio para o Time Mundo e reabre o confronto antes do domingo de triplos.
Dia 2, então, tem cara de xadrez com relógio correndo. Três singles que podem redesenhar a disputa e uma decisão de duplas à espreita. A Europa começa com a vantagem no bolso. O Time Mundo joga pela virada emocional. O resto, como sempre na Laver Cup, se decide em detalhes: primeiro saque, devolução funda e cabeça fria quando chegar o tiebreak.