Azul mantém voos e benefícios do programa de fidelidade após pedido de recuperação judicial nos EUA

Azul mantém voos e benefícios do programa de fidelidade após pedido de recuperação judicial nos EUA
por Otávio Figueiredo mai, 28 2025

Azul reforça compromisso com passageiros durante reestruturação financeira

O clima de incerteza tomou conta do setor aéreo após o anúncio da Azul sobre o pedido de proteção contra falência nos Estados Unidos. Mesmo assim, a companhia insiste: voos seguem sem alterações e o programa de fidelidade TudoAzul permanece intacto para clientes. A jogada faz parte do chamado Chapter 11, mecanismo utilizado por empresas para buscar alívio das dívidas e renegociar contratos sem paralisar operações.

De imediato, a Azul aponta que a reestruturação busca eliminar cerca de US$ 2 bilhões em dívidas acumuladas, boa parte relacionada a obrigações de leasing de aeronaves. Segundo detalhou o presidente John Rodgerson, o plano é enxugar a frota em mais de 35%, o que também envolve renegociar e cortar US$ 744 milhões em contratos de arrendamento até 2029, além de outras dívidas em dólar. Apesar do tom conservador, ele garantiu: salários da equipe e passagens já adquiridas seguem garantidos.

O anúncio, porém, não escapou da reação do mercado. Logo após a novidade, as ações da Azul despencaram 44% no pré-mercado em Nova York, mostrando que o investidor internacional ficou em alerta. Apesar da turbulência, Rodgerson aposta na manutenção da operação, reforçando o apoio de grandes parceiras globais como United Airlines e American Airlines, que permanecem no time durante a nova fase da aérea brasileira.

Loyalty, fusão com a Gol e os próximos passos

Enquanto o futuro passa por ajustes financeiros, a Azul tenta tranquilizar quem usa o seu programa de fidelidade. Clientes do TudoAzul podem ficar de olho: todos os benefícios seguem garantidos, inclusive a possibilidade de acumular trechos qualificáveis para mudança de categoria, inclusive para quem compra passagens com pontos, dinheiro ou a mistura dos dois. Em meio à instabilidade, manter a confiança do passageiro frequente virou questão estratégica.

De outro lado, o governo acompanha de perto. O Ministério de Portos e Aeroportos disse que fiscaliza a situação e vê o episódio como parte do ciclo das empresas aéreas na América Latina. Lembrou, inclusive, do histórico recente de recuperações bem-sucedidas de concorrentes como Latam e Gol, que seguiram voando mesmo com planos de reestruturação milionários.

Para quem acompanha os bastidores do setor, há ainda outro ponto de atenção: a possível fusão entre Azul e Gol, já em análise pelo CADE, órgão antitruste do Brasil. Com o novo cenário, existe a chance de ajustes na avaliação técnica da união das duas companhias, agora influenciada pela situação financeira delicada da Azul. Caso avance, a parceria pode redesenhar o mapa da aviação comercial no país.

O desafio, agora, é concluir a reestruturação sem comprometer passageiros e funcionários. Se conseguir, a Azul pode sair dessa crise menos endividada e pronta para competir com as gigantes do setor, mantendo a confiança de quem precisa voar e de quem investe no programa de pontos.