
A trajetória de uma jovem corajosa
Anne-Marie Garnero nasceu em 2009, filha da reconhecida modelo Schynaider Moura e do empresário Mario Bernardo Garnero. Desde a infância, enfrentou a dilatação da cardiomiopatia, uma doença rara que provoca o aumento e a fraqueza do músculo cardíaco. Os primeiros anos foram marcados por consultas frequentes, exames invasivos e limitações nas atividades escolares.
Em junho de 2022, com apenas 13 anos, Anne-Marie recebeu um transplante de coração. O procedimento, realizado em um hospital de referência em São Paulo, foi considerado um sucesso imediato: o órgão funcionou bem, e a adolescente passou a levar uma vida quase normal. A mãe, que acompanhou cada etapa, transformou a experiência em campanha pessoal a favor da doação de órgãos, compartilhando fotos e relatos nas redes sociais.
Durante o pós‑operatório, Anne-Marie surpreendeu médicos e familiares ao retomar aulas, praticar esportes leves e participar de eventos beneficentes. Sua atitude positiva virou exemplo para outras crianças em situação semelhante e para adultos que precisavam de motivação para enfrentar procedimentos de alto risco.

Repercussão da morte e o legado deixado
Na madrugada de 21 de setembro de 2025, a adolescente sofreu uma parada cardíaca inesperada. Apesar dos esforços da equipe médica, o quadro não teve reversão, e o falecimento foi confirmado na manhã seguinte.
O velório ocorreu no Cemitério Morumby, em São Paulo, e reuniu um seleto grupo de amigos, familiares e celebridades: o apresentador Luciano Huck, o ator Bruno de Luca, o ex‑futebolista Ronaldo, e João Silva – filho de Faustão e antigo parceiro de Schynaider. A presença de
- famosos da TV
- ex-atletas
- representantes de ONGs de transplante
Faustão, que também passou por um transplante cardíaco em 2023, declarou que a coragem da adolescente foi um ponto de virada em sua própria recuperação. "Ela esperou seis meses por um coração e, quando o recebeu, viveu com uma energia que ainda me inspira", escreveu em entrevista.
João Silva, que atuou como figura paterna para Anne-Marie, publicou uma mensagem emocionada descrevendo-a como "um verdadeiro anjo" e ressaltando a força da mãe como exemplo de maternidade e ativismo.
O falecimento reacendeu o debate sobre a escassez de doadores no Brasil. Organizações como a Associação Brasileira de Transplantes (ABTO) divulgaram dados recentes, apontando que menos de 10% dos pacientes em lista de espera recebem um órgão. A campanha de Schynaider, que já havia mobilizado milhares de seguidores, ganhou novo impulso: hashtags como #VivaAnneMarie e #DoeÓrgãos foram trending no Twitter por dias.
Além da visibilidade nas redes, o caso motivou ações concretas: hospitais da região anunciaram a ampliação de programas de sensibilização em escolas, e o Ministério da Saúde reforçou a necessidade de cadastro de doadores vivos. Em entrevista, o chefe da equipe que realizou o transplante de 2022 explicou que o acompanhamento de pacientes jovens permite identificar complicações precocemente, mas que fatores como rejeição crônica ainda são desafios.
Para a família Garnero, o luto segue intenso. Schynaider foi vista recebendo o apoio de suas duas filhas menores – Elle‑Marie, 11, e Gioe‑Marie, 9 – e do namorado, Bruno Garfinkel. Mario Bernardo Garnero, pai de Anne-Marie, também demonstrou profunda emoção ao acompanhar os rituais de despedida.
A história de Anne-Marie Garnero permanece como um lembrete vivo da fragilidade da vida e da importância da solidariedade na doação de órgãos. Enquanto o Brasil luta para equilibrar a demanda e a oferta de corações para transplante, o legado da jovem pode transformar tragédia em esperança para milhares de pacientes que aguardam por um segundo chance.