Funcionária da TV estatal iraniana morre após ataque israelense à sede em Teerã

Funcionária da TV estatal iraniana morre após ataque israelense à sede em Teerã
por Otávio Figueiredo jun, 18 2025

Ataque direto à imprensa em meio ao confronto

O que parecia distante da vida das redações de TV virou tragédia concreta para o Irã. A jornalista Masoume Azimi, integrante do quadro da Islamic Republic of Iran Broadcasting (IRIB), morreu após a sede do canal estatal em Teerã ser alvo de um ataque israelense. Não foi uma ação isolada. O bombardeio aconteceu como parte de uma ofensiva militar mais ampla, mirando alvos estratégicos ligados ao Estado iraniano.

O prédio atingido não era apenas um endereço qualquer: ali funciona a IRIB, televisão oficial, além do estúdio do canal de notícias IRINN. Esses espaços compõem o núcleo da mídia estatal, responsável por cobrir política, crises e transmitir mensagens oficiais para milhões de iranianos. Israel justificou dizendo que os ataques tinham como foco centros de comunicação militar, alegando que o local servia para operações das forças armadas iranianas.

Justificativas, evacuações e clima de medo

Justificativas, evacuações e clima de medo

Às vésperas do ataque, moradores de uma das áreas mais movimentadas de Teerã, o Distrito 3, receberam alertas de evacuação das Forças de Defesa de Israel. Mesmo assim, poucos conseguiram abandonar a região. O aviso ampliou o pânico entre funcionários da mídia e o público local, enquanto barulhos de explosão voltaram a dominar o céu da capital iraniana.

O ataque foi mais um episódio em uma sequência de ações militares entre israelenses e iranianos, elevando o nervosismo na fronteira e dentro das cidades. Estruturas de mídia têm sido atingidas com frequência inédita desde o início da escalada. Para quem trabalha em redações por lá, o sentimento é de vulnerabilidade total: o risco de ser atingido no exercício do ofício nunca foi tão real.

O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, chegou a declarar após o ataque que o país não quer escalar ainda mais o conflito. Embora parte dos seus comentários não tenha sido divulgada integralmente, a mensagem principal ficou clara: Teerã tenta evitar um ciclo de retaliações incontrolável, mesmo diante de uma agressão sentida no coração do sistema oficial de comunicação.

A morte de Masoume Azimi acende uma discussão antiga sobre o papel da imprensa em cenários de guerra. Se antes repórteres e técnicos eram vistos apenas como testemunhas dos conflitos, a realidade mostra que, nesse embate entre Israel e Irã, nem mesmo os bastidores da notícia estão imunes à violência. Enquanto os governos trocam acusações e justificativas, famílias e colegas de Azimi encaram o luto e o medo num ambiente em que o jornalismo virou, literalmente, alvo de ataques.