
Cidades endurecem o combate ao Airbnb para conter crise de moradia
Se você pensa em alugar um apartamento pelo Airbnb para umas férias em Barcelona ou curtir o agito em Santa Monica, é bom ficar atento. Nos últimos anos, cidades ao redor do mundo apertaram — e muito — as regras para o aluguel de curto prazo. O motivo? O medo de que a invasão de locações temporárias torne impossível morar nesses lugares, principalmente para estudantes e trabalhadores locais.
Em Durango, no Colorado, a discussão surgiu quando os bairros cheios de universitários começaram a se esvaziar para dar lugar a imóveis turísticos. O município resolveu agir cedo: em 2014 já proibiu de vez qualquer aluguel de curto prazo nessas regiões e ainda limitou o total de imóveis turísticos a 2% das moradias de toda a cidade. Entre 2023, as ofertas caíram para 1,4% — uma redução sentida até pelos donos de imóveis, mas tida como essencial para preservar o espírito universitário de Durango.
O caso de Santa Monica, no litoral da Califórnia, também chamou atenção. Com praias disputadas e um turismo constante, a cidade em 2015 bateu o martelo: nada de locações de curto prazo de imóveis inteiros por menos de 30 dias. Além disso, todo mundo que quisesse anunciar precisaria pagar impostos parecidos com os hotéis e obter licença comercial. O efeito foi imediato: os anúncios do Airbnb despencaram, com uma queda de 61% nas ofertas em pouco tempo. Para os moradores, o impacto foi mais tranquilidade e menos especulação imobiliária.

Barcelona decide zerar alugueis temporários: reação ao boom do turismo
Nenhuma cidade, no entanto, mexeu tanto com o debate global quanto Barcelona. Em março de 2025, o Tribunal Constitucional espanhol confirmou o plano radical da prefeitura: acabar com todos os registros de aluguel de curto prazo até 2028. Não haverá novas licenças, e as que existem — cerca de 10 mil — serão canceladas ao expirar nos próximos anos. A decisão veio depois de os aluguéis na cidade subirem mais de 60% em pouquíssimo tempo e moradores tradicionais, principalmente jovens, serem empurrados para longe do centro.
As autoridades de Barcelona dizem claramente: o turismo desenfreado pressionou tanto o mercado imobiliário que ficou impossível pagar um aluguel decente. Apartamentos antes acessíveis viraram disputados quartos temporários para turistas, em uma realidade que se repete em várias capitais europeias. Os legisladores espanhóis querem devolver o aluguel de curto prazo para o controle da cidade, priorizando quem mora e trabalha por ali frente ao turista de passagem.
O movimento não está isolado. Paris, Berlim, Nova York, Lisboa e tantas outras também já apertaram o cerco, seja com limitação de licenças, cobrança extra de impostos ou regras para proteger vizinhos. Fica claro que a disputa entre moradia acessível e plataformas como o Airbnb mal começou — e cada cidade vai buscar seu próprio equilíbrio entre turismo e qualidade de vida dos residentes.